tag:blogger.com,1999:blog-281078982024-03-13T15:27:34.196+00:00Vida de EnfermeiroUm blog onde um enfermeiro (d)escreve situações da sua vida profissional, pensamentos e opiniões acerca da sua profissãoUnknownnoreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-28107898.post-1148770692767635972006-05-27T21:19:00.001+01:002009-05-29T22:42:06.383+01:00Rejeição da institucionalização pelo idosoA institucionalização de um idoso implica o abandono do seu espaço e a adaptação a um novo meio. O problema é que muitas vezes o desenraizamento leva a uma deterioração física e mental. Muitos idosos que não têm apoio familiar (ou que não têm sequer família) vêem-se, por vezes, forçados a viver num lar por falta de alternativas. Este caso é muito frequente em idosos que vivem sós, com demências ou com elevado nível de dependência.<br /><br />Nos últimos tempos tenho tido contacto com situações de rejeição à institucionalização.<br />Recentemente conheci o caso de uma idosa que desenvolveu um quadro de depressão após a institucionalização. Refere constantemente vontade de morrer manifestando um enorme desapego da vida. Iniciou um quadro de recusa alimentar tendo sido hospitalizada alguns dias depois para compensação metabólica. Actualmente está a ser alimentada por sonda nasogástrica para garantir a correcta hidratação e aporte de nutrientes.<br /><br />Começo a ficar preocupado pois este caso não é o primeiro que conheço e, provavelmente, não será o último. Esta é uma temática que passa despercebida a uma sociedade que vive à velocidade da luz e que, cada vez mais, considera que os idosos são <em>"uma pedra no sapato"</em>.<br /><br />Oxalá as coisas mudem, para melhor...<br /><br />Alguns links de interesse:<br /><a href="http://www.ipv.pt/millenium/Millenium32/10.pdf">http://www.ipv.pt/millenium/Millenium32/10.pdf</a><br /><a href="http://www.portaldoenvelhecimento.net/modos/depressao.pdf">http://www.portaldoenvelhecimento.net/modos/depressao.pdf</a><br /><a href="http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/A0281.pdf">http://www.psicologia.com.pt/artigos/textos/A0281.pdf</a><br /><a href="http://www.ppg.uem.br/Docs/ctf/Saude/2002/10_Mauro%20Porcu_Estudo%20comparativo_216_02.pdf">http://www.ppg.uem.br/Docs/ctf/Saude/2002/10_Mauro%20Porcu_Estudo%20comparativo_216_02.pdf</a>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-28107898.post-1148512566093918512006-05-24T23:51:00.000+01:002006-05-25T00:16:06.143+01:00Aquela sensação: "Se eu tivesse..."A vida tem destas coisas...<br />Há dias, quando estava a prestar cuidados de Enfermagem a utentes de um lar, fui chamado para ir observar uma idosa de noventa e tal anos que apresentava queixas inespecíficas.<br /><br />Quando me aproximei dela pareceu-me estar com o estado geral habitual. Referia no entanto que se sentia "diferente" e "estranha". Disse-me posteriormente que sentia uma ligeira vertigem ao deambular e que estava a descansar no sofá por isso mesmo.<br /><br />Avaliei-lhe então a tensão arterial e o pulso radial. Apesar de ter uma discreta taquicardia (cerca de 103 bat/min) não apresentava alterações que justificassem a sintomatologia. A hipótese de hipoglicémia não se colocou pois não era diabética nem havia sintomatologia que podesse indicar esta hipótese.<br />Para além do desequilíbrio, não havia qualquer alteração neurológica perceptível.<br /><br />Como não apresentava nenhum dado objectivo que justificasse uma deslocação ao SU, aconselhei-a a descansar e, caso os sintomas persistissem, a falar com a médica.<br /><br />Não queiram saber qual é o meu espanto quando 2 dias depois fico a saber que tinha falecido na noite daquele dia... Fiquei com aquela sensação "Se eu tivesse enviado a senhora ao SU..."<br />Questionei então as pessoas que conheciam melhor a senhora e disseram-me que "tinha feito um exame ao coração e o médico disse-lhe que o coração dela estava muito <em>fraquinho</em>".<br /><br />Apesar de tudo teve uma morte que eu, quando chegar a minha vez, desejo para mim: sem sofrimento! Tomara eu poder viver até aos noventa e tal com a qualidade de vida/saúde com que aquela senhora viveu. Nós é que temos um pouco a mania que todos temos de viver mais de 100 anos e que somos eternos. O certo é que todos temos o nosso momento e, o dela, era aquele. Que Deus a guarde em eterno descanso.Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-28107898.post-1147998246664652792006-05-19T01:04:00.000+01:002006-05-24T00:20:19.123+01:00"Por esse salário não vale a pena estudar para Enfermeiro!"Um jovem teve um acidente de bicicleta e fez várias feridas por abrasão no hemicorpo esquerdo. Iniciou tratamento ontem e hoje veio novamente para continuação. No final do tratamento agendavamos nova hora para amanhã e comentei que de tarde não poderia estar presente por compromissos. Há uma reunião com o conselho de administração do nosso hospital para falarmos sobre uma problemática relacionada com as horas suplementares.<br /><br />Desabafei, então, que o mês passado o meu salário baixara cerca de 200€ e que ganhara cerca de 820€. A familiar do jovem exclamou de imediato:<br /><br />- <em>Por esse salário não vale a pena estudar para Enfermeiro. Andar a queimar neurónios e gastar dinheiro aos pais para depois ganhar menos dinheiro que um trolha!? O meu marido trabalha nas obras e ganha 1250€!</em><br /><br />Ao que eu acrescentei:<br /><br />- <em>E provavelmente não trabalha nos fim-de-semana, feriados e de noite!</em><br /><br />Realmente dá que pensar... Penso que o trabalho de trolha é duro e que o salário provavelmente até estará ajustado (mas sei de muitos que ganham bem menos que isto!). Certamente o nosso é que está desajustado! Somos licenciados e continuamos a ganhar como bacharéis.<br /><br />Incentivaram as pessoas a frequentar um complemento para obtenção do grau de licenciado, obrigando a grandes sacrifícios pessoais, familiares e financeiros, e agora não alteram a carreira conforme se falou.<br /><br />Da maneira que as finanças estão, vamos continuar a ganhar como bacharéis durante muito tempo!!Unknownnoreply@blogger.com40tag:blogger.com,1999:blog-28107898.post-1147654184342760612006-05-15T01:25:00.000+01:002006-05-18T01:46:02.436+01:00Esta vida de Enfermeiro..."<em>Esta vida de enfermeiro está a dar cabo de mim...</em>"<br /><br />A música dos Sitiados poderia muito bem ser assim mas, de facto, não é.<br />Diga-se, em abono da verdade, que só dará cabo de mim se as coisas não mudarem...<br /><br />Trabalho há apenas cinco anos e tenho visto muita coisa mudar. Umas para melhor, outras para... menos bem (só para ser politicamente correcto).<br /><br />A primeira coisa que vi mudar (e que agora vejo como nos irá afectar a todos) foi o aumento exponencial do número de enfermeiros formados por ano. Será que faz sentido continuar a formar enfermeiros para vagas virtuais? Sim, porque todos sabemos que realmente fazem falta mais enfermeiros, mas o facto é que não há dinheiro para os contratar.<br />Quem fica a ganhar com isto são os administradores sem princípios, que vêem nisto uma oportunidade de contratarem enfermeiros por ordenados absurdos, usando o princípio de que alguém se irá sujeitar às condições na falta de melhor...<br /><br />Aos poucos estamos a ver a nossa profissão cada vez mais desvalorizada pois transparece a imagem que se pode tirar o curso de Enfermagem em qualquer escola da esquina. Vemos alunos a estagiar em instituições sem condições para lhes proporcionar experiências relevantes e a saírem do curso com melhor classificação do que aqueles que tiveram de mostrar o seu valor em instituições prestigiadas no que concerne à formação.<br /><br />Enfim, temos que nos esforçar para dignificar o mais possível a nossa profissão uma vez que todas estas contrariedades só nos puxam para trás. Eu continuo a ter muito prazer em ser enfermeiro e em cuidar de pessoas, mas todos temos um limite. Espero que as contrariedades terminem rapidamente e inicie uma nova fase.<br /><br />Custa-me acreditar que uma profissão como a de Enfermagem (que é um pilar fundamental da Sáude) possa estar a perder o respeito social que adquiriu.Unknownnoreply@blogger.com3